Estamos passando por algumas semanas de profusão de perguntas. Os debates, especialmente nos últimos dias, estiveram centrados na questão do isolamento social, da contribuição individual em favor do global e dos reflexos cotidianos e sociais da pandemia que já sentimos e que ainda nos afetarão por muito tempo. Mas talvez uma das discussões mais presentes seja a questão de vida versus economia.

Via Fronteiras do Pensamento

É verdade que tudo vai passar. Mas também é um fato que ultrapassaremos uma recessão gigante, sejam quais forem as decisões e os resultados atingidos. O filósofo britânico John Gray afirma que é impossível ter uma regra ou um pensamento universal que vá reger a todos. A economia é importante. A vida também é. O que precisamos é do cinza, do meio do caminho. De uma dose de remédio que faça a profilaxia para a maior quantidade possível de pessoas e de necessidades dos mercados. A dicotomia vida versus economia é complexa e uma falsa escolha. 

Necessitamos de estratégias a longo prazo para evitar o colapso da economia. Mas também precisamos estar atentos ao colapso do sistema de saúde e ao atendimento a todos os doentes. Uma questão de mercado e de direitos humanos. De novo: temos poucas respostas ainda. 

Antes da temporada de 2020, que discutirá o tema Reinvenção do humano, talvez nenhuma outra edição tenha debatido tanto o nosso papel enquanto sociedade – múltipla e complexa – quanto a de 2015, quando os conferencistas falaram sobre Como viver juntos

Os aprendizados e as contribuições foram inúmeros. Mas olhe ao redor. Será que sabemos e estamos preparados para, realmente, viver juntos? Um tópico que aparece com frequência neste debate é a EMPATIA. A capacidade psicológica usada quando tentamos sentir o que teria sentido outra pessoa quando vivenciou alguma experiência ou situação. O eterno “cada um sabe onde aperta o seu sapato”. Empatia tem relação com individualidade, com sociedade e, especialmente, com cooperação.

Esta foi a ênfase das ideias de vários conferencistas daquele ano. Em sua conferência em Porto Alegre, o escritor português Valter Hugo Mãe falou sobre o fim da tirania da individualidade.  “A nossa identidade é sempre coletiva. Nós nunca somos gente sem a imersão no coletivo. Desde que nascemos, e nascemos imprestáveis e improcedentes, uma porcaria bela e sem valência nenhuma, não sabemos fazer nada, nem quem somos ou o que somos, e por que estamos eventualmente vivos. Imediatamente, somos atendidos por esse coletivo. Se não tiver essa relação, não existe o indivíduo, ele não vai acontecer”. Assista aqui!

Antes de participar da temporada de 2015, o sociólogo e historiador norte-americano Richard Sennett concedeu, em 2013, uma entrevista exclusiva para o Fronteiras. No vídeo, que tem mais de 20 minutos, ele fala sobre a ineficiência do dinheiro enquanto motivador do trabalho, cooperação e independência, o Estado de bem-estar social, capitalismo social e outras questões. Assista a entrevista de Richard Sennett no YouTube.

Sennett também é autor de Juntos – Os rituais, os prazeres e a política da cooperação. O livro foi lançado em 2013 no Brasil e apresenta a cooperação como uma habilidade que requer entendimento e mostrar-se receptivo ao outro para agir em conjunto. Um pensamento que segue atual. 

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