A principal motivação para o trabalho das pessoas mais satisfeitas com ele é a conquista de objetivos e realização profissional. É isso que aponta a sondagem O Trabalho Importa, idealizada pela Santo de Casa e divulgada em novembro de 2023.

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Para elas, o trabalho ideal é composto por autonomia, segurança financeira e propósito. Seu maior receio quanto ao futuro é a obsolescência da função e a instabilidade econômica. Confiança e reconhecimento são os fatores mais importantes no trabalho. E as maiores deficiências nas empresas onde atuam são a autonomia, flexibilidade e comunicação interna.

A sondagem aponta que ¼ das pessoas está insatisfeita ou muito insatisfeita com o trabalho. Contudo, no decorrer da investigação, perguntas complementares sugerem que esse número pode ser ainda maior. A tendência observada é que o nível de satisfação aumenta com a maturidade e a experiência.

“Os resultados surpreendem em temas como saúde, diversidade e propósito. Mas para saber mais as pessoas terão de acessar o relatório”, provoca Camila Lustosa, especialista em Endomarketing e sócia-fundadora da Santo de Casa Endomarketing. A partir dos resultados, percebemos o quanto o trabalho que fazemos para uma comunicação positiva e eficiente é importante no ambiente organizacional. Isso significa investir em uma comunicação capaz de criar um terreno fértil para o bem-estar integral, para o desenvolvimento humano, para a consecução de objetivos.

Saúde: a palavra da vez

Saúde foi o tema que mais dominou as respostas. Ela é a principal preocupação dos participantes em relação ao trabalho, e também seria a prioridade deles caso fossem CEOs. Além de saúde física e mental, os respondentes também querem saúde nas relações, que é um dos aspectos mais importantes para um ambiente saudável no trabalho.

Quando se fala em preocupações em relação ao trabalho, os fatores que aparecem abaixo da saúde estão estreitamente ligados a ela: falta de perspectiva de crescimento na carreira e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Se o trabalho pode ser fonte de doença e falta de bem-estar, o contrário também é verdadeiro. Podemos transformar esses ambientes em lugares melhores, mais humanos e mais verdadeiros”, reflete Lustosa.

Propósito: para quem?

Somente 1/5 dos respondentes considera o trabalho uma forma de construir um propósito maior no mundo. “No momento em que se fala tanto em propósito e traz a questão à tona nas organizações, percebemos que isso segue como um déficit. Não há uma clareza sobre o assunto. Ele ainda não é o fator determinante para o mundo do trabalho”, comentou Lustosa durante a apresentação dos resultados. De acordo com a especialista, o sentido de propósito é algo poderosíssimo, que leva a um maior engajamento e a um vínculo mais forte com a organização.

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A partir dos dados da sondagem, é possível perceber que conforme o profissional evolui em sua carreira, aumenta sua renda e cresce em senioridade, o propósito se torna mais presente. Isso pode explicar o fato de que a alta liderança seja o público mais satisfeito com o trabalho. Lustosa aponta que “dificilmente as empresas conseguem fazer um trabalho de alinhamento entre o propósito individual e o da organização – isso já deveria acontecer no recrutamento ou na integração”.

Endomarketing: influenciando comportamentos

Comportamentos. É aí que estão os maiores desafios das organizações. Nas Top3 das deficiências das empresas estão a coerência entre discurso e prática, comunicação interna e valorização das pessoas. O endomarketing pode melhorar todos eles. “A necessidade de comunicação é algo estrutural”, reflete a especialista.

E não é somente na comunicação formal da empresa, através de canais oficiais, que os profissionais gostariam de ver evolução. É também nos âmbitos interpessoal e intersetorial, que impacta a visão sistêmica – justamente um dos maiores problemas das organizações, de acordo com os resultados de 17 anos de pesquisas e diagnósticos realizados pela Santo de Casa.

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Um endomarketing efetivo pode ser grande aliado na hora de enfrentar esses desafios, pois tem o papel de influenciar comportamentos que ajudam na mudança cultural. É por meio da comunicação que a gente faz as coisas acontecerem. Ela precisa estar muito bem azeitada, além de ser positiva e construtiva. Isso implica em respeito e validação do outro.

Além disso, o endomarketing é uma excelente ferramenta para trabalhar ritos de valorização. Durante a apresentação da sondagem O Trabalho Importa, Lustosa afirmou que o poder do reconhecimento nas organizações é gigantesco e até impacta na saúde mental.

Desejos: empresas, ambientes e líderes

Na opinião dos respondentes, a empresa ideal oferece autonomia, segurança financeira e propósito como principais características. Para eles, o mais importante no ambiente de trabalho é remuneração/benefícios, equilíbrio entre vida pessoal e trabalho e relacionamentos saudáveis.

A questão monetária, apesar de ser uma motivação extrínseca, é explicada pelo contexto nacional e global em que vivemos. Ele faz com que necessidades higiênicas apareçam na lista de prioridades dos profissionais. “A gente é um ser integral, as coisas se correlacionam. Sem estabilidade econômica, a pessoa está sempre preocupada sobre como irá sobreviver, e não conseguirá equilibrar vida pessoal e trabalho, pois estará focada somente em ganhar dinheiro, afetando sua saúde”, analisa a consultora. Por isso, proporcionar segurança financeira é básico para poder trabalhar os demais fatores motivacionais.

Quando se fala em líder do futuro, a maioria dos participantes busca inspiração. “O principal papel de uma liderança autêntica – que tem coragem, compaixão e empatia – é ser coerente, transparente e liderar pelo exemplo. São os valores humanos que vão trazer os resultados para as organizações”, compartilha Lustosa.

Diversidade e inclusão: só na teoria

Um dado que chamou a atenção na sondagem O Trabalho Importa foi o fato de que, apesar de diversidade e inclusão serem temas muito trabalhados, eles não aparecem como prioridades. “Isso foi uma surpresa, pois esse aspecto está super em pauta e é tido como condição básica para muitos, principalmente para as novas gerações”, analisa a consultora.

Contudo, apesar de ser um tema emergente e urgente, a diversidade e a inclusão ainda ficam majoritariamente na teoria.  Não as vemos na prática porque outros fatores se sobrepõem a elas no dia a dia. “É algo que precisa ser melhor trabalhado nas organizações e junto às pessoas. A informação é poderosíssima para evoluir questões dentro da diversidade, diminuir os preconceitos e as diferenças e realizar o exercício da empatia”, conclui Lustosa.

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