Por MARC TAWIL*, para Época Negócios

Não importa qual seja o seu trabalho, muito do seu sucesso dependerá da sua capacidade de influenciar e persuadir os outros. Em outras palavras, de sua capacidade de conseguir que digam “sim” aos seus pedidos. Seja negociando com fornecedores, vendendo seu produto para compradores, liderando funcionários, pedindo aumento para o chefe ou discutindo a relação com namorado e familiares, persuadir é fundamental.

“Persuadir é necessário para que tenhamos êxito em nossa vida pessoal e profissional”, me explica a professora de Retórica e Comunicação Persuasiva Mayte Carvalho, autora do best-seller Persuasão – Guia prático sobre retórica e comunicação persuasiva para sua vida pessoal e profissional (produção independente).

Por “persuadir”, diz ela, entenda-se a arte do bem falar com a finalidade do convencimento.

“Persuadir é influenciar. Aquele que persuade consegue ter mais voz ativa e protagonismo em suas relações, microcosmo e na vida. Esse convencimento pode ser de uma ideia, projeto ou até uma visão de mundo”, me conta a autora, cujo livro, o mais vendido em sua categoria, aborda desde como construir o storytelling de um pitch até como escrever e-mails persuasivos, passando por dinâmicas invisíveis da influência no discurso persuasivo, por Retórica Aristotélica e o mundo atual e inclusive por “como conduzir uma DR com estilo”.

O tema é relevante: um relatório recente produzido pelo Fórum Econômico Mundial coloca a boa capacidade de comunicação e negociação entre as top 10 qualidades necessárias para o profissional do futuro. Reforça, ainda, que 35% das habilidades mais demandadas para a maioria das ocupações deve mudar nos anos 2020.

“Nada novo”, me expõe Mayte, que hoje mora em Los Angeles, Califórnia, onde atua como diretora de Estratégia de Negócios da TBWA Chiat Day, uma das cinco maiores agências de publicidade dos Estados Unidos.

“Na Grécia antiga, no Século V antes de Cristo, quando ainda era Macedônia, o povo tinha aulas de Retórica e Persuasão na escola. Desde criança, aprendia-se Matemática, Filosofia e Retórica.

Tanto que Aristóteles, considerado o pai da Retórica, produziu suas obras nesta mesma época. Sinto que há um renascimento dessa qualidade, mas é uma virtude atemporal.”

No Novo Normal consequente da pandemia de Covid-19, a persuasão tem lugar de destaque: “Em uma era de fake news em que somos persuadidos o tempo todo, seja por políticos ou pela propaganda, precisamos estar atentos e vigiar para que se exerça uma visão crítica e reflexiva sobre as abordagens recebidas. No âmbito individual, as relações pessoais ganham contornos amorfos e a comunicação entre colegas de trabalho passa a ser por meios digitais. A convivência em confinamento com a família (que está apreensiva com a crise) pode gerar ruídos e uma abordagem de comunicação não-violenta, mais do que nunca, se faz presente”.

Influenciadores

No dia a dia e no mundo do trabalho, como nós nos expressamos, as palavras que escolhemos e como abordamos as pessoas ao nosso redor revelam esquemas e dinâmicas muitas vezes invisíveis, me justifica a escritora: “Quando aprendemos sobre falácias, discurso e maneiras de construirmos uma narrativa, começamos a questionar: por que estão me seduzindo, intimidando ou provocando? Por que eu estou reproduzindo isso com meus colegas de trabalho/familiares? O que eu quero aqui é ganha-ganha para todo mundo ou ganha-perde?”

Em tempos de pandemia, influenciadores digitais têm se sobressaído na nova dinâmica comunicacional: “Persuadir é influenciar, logo, somos todos influenciadores/persuasores digitais (e influenciados/persuadidos). Mais acostumados ao diálogo do que os jornalistas tradicionais/políticos porque as plataformas digitais possibilitam essa troca, eles saíram à frente. Felipe Neto, por exemplo, tem sido bastante persuasivo em sua comunicação recente de maneira a ressignificar sua imagem perante as massas, mais intelectualizado e engajado; Camila Coutinho também tem promovido debates sobre moda e cultura em suas redes; na TV, como comentarista, Gabriela Prioli (é dela o prefácio do livro), sem dúvida, é um grande exemplo de eloquência e clareza”.

No âmbito político, Mayte Carvalho enxerga que os governos pecam pelo excesso de falácias e falta de narrativa/construção de períodos (começo-meio-fim). “Já a classe empresarial se embananou um pouco entre falácias e falsas dicotomias ultraneoliberais, como ‘precisamos salvar a economia/vão morrer poucas pessoas’. Mas vejo movimentos bacanas como aquele liderado por Daniel Castanho (presidente do Conselho da Anima Educação), chamado #NãoDemita, que tem sido bem persuasivo e lúcido em suas colocações, muito humano e inclusivo, definitivamente alinhado ao espírito do tempo em que vivemos.”

Foto: JohnnyGreig via Getty Images

*Marc Tawil é empreendedor e estrategista de comunicação. É head da Tawil Comunicação, Nº 1 LinkedIn Brasil Top Voices & Live Broadcaster e apresentador do podcast Autoperformance, na Rádio Jovem Pan. É também autor de HarperCollins Brasil, editora pela qual publica, em 2020, o livro “Seja Sua Própria Marca”.