Público interno sobrecarregado, dificuldade de acesso a informações relevantes, carência de visão sistêmica, desconhecimento sobre impacto individual e propósito coletivo, falta de transparência e gestores que não são um canal de apoio. Algo disso lhe parece familiar? Se sim, não estranhe. Esses são os principais problemas das empresas em que aplicamos nossa própria metodologia de pesquisa e diagnóstico. “Percebemos que eles são muito semelhantes e recorrentes”, analisa a especialista em Endomarketing e sócia-fundadora da Santo de Casa Endomarketing Camila Lustosa.
Público interno sobrecarregado
As pessoas se consideram pressionadas dentro das organizações, com muita informação. Isso não é recente. Dependendo do contexto econômico, a percepção tem uma pequena flutuação percentual, mas há anos ela é uma constante.
Essa sensação está ligada com algumas questões, como os recursos disponibilizados pela empresa ao colaborador. Se ela oferece tempo, verba, tecnologia, segurança e materiais para o indivíduo realizar suas demandas, por mais que sejam muitas e complexas, isso pode ser equacionado.
Lustosa salienta que “uma das premissas do endomarketing é propor desafios, mas dar as condições para que eles sejam entregues. Não existe milagre – as coisas só acontecem se as pessoas contam com o necessário para fazer acontecer”.
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Dificuldade de acesso a informações relevantes
Este é outro dos principais problemas das empresas e está relacionado com o fluxo de informação circulante e o seu timing. E isso pode ter muitas causas, especialmente em um mundo dinâmico em que respostas rápidas são necessárias.
A organização pode ter canais de comunicação que não são eficazes em levar a informação para todos no tempo certo. A liderança pode não passar a informação – por decisão de não comunicá-la ou por não se dar conta que ela é importante para o bem-estar, para a segurança psicológica ou para o trabalho. Pode ser uma falha de gestão, em que informações estratégicas e relevantes não são passadas de uma forma ideal e simétrica entre alta gestão e base. Ou pode ser um problema de comunicação interpessoal, em que o líder não se faz entender de forma assertiva.
“Não comunicar também comunica, pois as pessoas fazem suposições sobre aquilo que não tem respostas. Elas passam a fantasiar e projetar possibilidades para sanar suas dúvidas e seu gap de informações. Isso gera muito mal-estar e insegurança, comprometendo produtividade e tomada de decisão dos colaboradores”, alerta a consultora. Por isso é tão importante estruturar um sistema consistente de comunicação interna e endomarketing, além de desenvolver as habilidades de comunicação dos colaboradores.
Carência de visão sistêmica
Trabalhar no formato de silos, sem cooperação e colaboração entre as áreas está na lista dos principais problemas das empresas. Segundo Lustosa, “é natural do ser humano ter mais domínio sobre seu microcosmo. Desfazer essa miopia e ampliar a visão sobre a organização depende muito da comunicação por meio da gestão”. É preciso fazer com que as pessoas enxerguem o todo, entendam que, independentemente do setor, todos trabalham por um objetivo em comum. E precisam saber qual é ele.
Igualmente importante é ter conhecimento sobre como cada setor atua, para fazer solicitações mais adequadas e entregas mais satisfatórias. Como salienta Lustosa, “internamente, somos todos clientes e fornecedores, e por isso é crucial entender as interconexões e interdependências entre as áreas”. As ações de integração são uma das ferramentas para mostrar aos colaboradores como o sistema funciona, para que todos trabalhem de uma forma mais eficaz.
Desconhecimento sobre impacto individual e propósito coletivo
Não ter claro qual sua função e importância na organização também é dos principais problemas das empresas. Uma de suas possíveis raízes já foi apontada aqui: a carência de visão sistêmica. “Fiquei impactada com resultados do setor da indústria. Em algumas empresas, os colaboradores que estavam em funções de operação não tinham a menor noção de quem eram os clientes da sua organização, que qual era o impacto do que faziam ali naquela esteira, de qual era a diferença na qualidade do produto final, da consequência de seus erros e acertos. Isso é grave”, aponta Lustosa.
Estar ciente de tudo isso estimula a autoestima de qualquer um, pois a pessoa entende o valor do que faz. E o engajamento vem a partir do momento em que as pessoas têm clareza sobre a relevância do que elas fazem.
A consultora enfatiza que “o que engaja a pessoa no trabalho advém de saber que ela é importante, que ela é considerada e ouvida no ambiente onde está inserida. É isso que faz ela levantar todos os dias e trabalhar. Claro que existe a necessidade do trabalho, mas essa pode ser a diferença entre trabalhar bem e trabalhar mal”.
Falta de transparência
“A confiança é a base dos relacionamentos no trabalho”, afirma Lustosa. Sem ela, as coisas não andam bem. Mesmo assim, a falta de transparência é um dos principais problemas das empresas pesquisadas pela Santo de Casa. E isso tem uma forte correlação com a comunicação. A forma e o momento com que se comunica são determinantes para a percepção de transparência nas relações.
Gestores que não são um canal de apoio
A liderança consciente tem nos gestores um canal de diálogo e informação. Contudo, muitas pessoas não sabem se comunicar de forma assertiva. A performance na comunicação é uma habilidade que pode ser adquirida. “A comunicação é uma ferramenta crucial para todos. Contudo, no caso dos gestores, ela se torna mais relevante. O papel deles exige isso, pois o impacto é maior, sobre mais pessoas e mais decisões. O que percebemos nas pesquisas é que isso precisa ser ensinado, e é o que recomendamos”, revela Lustosa.
Por isso, a Santo de Casa oferece formações customizadas de acordo com as oportunidades de melhoria apontadas no resultado da pesquisa. Com base no diagnóstico, uma solução específica para cada cliente e cada contexto é montada. Além da formação, é muito importante o acompanhamento no processo de desenvolvimento de capacidades de comunicação, dando suporte para o gestor-comunicador. Lustosa opina que “formar e depois abandonar não resolve. As pessoas não aprendem a se comunicar de uma hora para a outra. Isso é prática, e exige mentoria ao longo do tempo.”
A pesquisa que aponta os principais problemas das empresas
“A gestão demanda mensuração”, declara Lustosa. Para ela, é uma questão de contar com estudos confiáveis e dados consistentes para suportar tomadas de decisão: “a Santo de Casa tem um tripé em que acreditamos muito que é Ciência, Fé e Criação. Tudo aqui é muito baseado em ciência. E dados – sejam eles qualitativos ou quantitativos – são primordiais para começar qualquer tipo de planejamento.”
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Foi dessa necessidade de fundamentar todas as atitudes com dados que surgiu a metodologia de pesquisa e diagnóstico da Santo de Casa. Ao longo de 17 anos, quase uma centena de organizações em todo o Brasil já foram avaliadas e aproximadamente 250 mil colaboradores foram ouvidos.
As companhias geralmente procuram esse serviço quando estão iniciando a estruturar um sistema interno, como um programa de endomarketing, e não sabem por onde começar; ou já têm alguns indícios apontando que as coisas não estão indo da melhor forma, como turnovers, pouca satisfação do cliente e outros indicadores internos; ou às vezes têm uma sensação empírica, uma intuição, de que uma investigação é necessária.
A metodologia parte do nosso tripé e conta com etapas quantitativas e qualitativas para coletar dados, explicar porquês e explorar como os desafios podem ser resolvidos. “Dificilmente o diagnóstico é uma super novidade para os clientes. Eles já intuem e sentem aquelas dores que a pesquisa aponta como oportunidades de melhoria. O que fazemos é estruturar, organizar, pensar e planejar em cima desse retrato. Além disso, o que o cliente traz como desafio nem sempre é realmente a raiz da questão. Às vezes é só um sintoma menor. Por essa razão, nos aprofundamos na origem dos problemas para construir soluções”, conta a sócia-fundadora da Santo de Casa.